Educaçao
Maria Helena Pires Martins
TEMAS DE FILOSOFIA - Edit. Moderna
Cap. 1
A condição humana
Quando eu era pequena e meu pai queria incentivar algum comportamento de coragem e enfrentamento de situações difíceis, costumava dizer em tom de brincadeira: "Seja homem, minha filha!". Na verdade, ele sabia que, embora na sociedade machista o papel da coragem estivesse reservado ao sexo masculino, as mulheres também deviam aprender a ser fortes. Dessa forma, meu pai se referia a um atributo louvável do ser humano, o de ser capaz de enfrentar as dificuldades apesar do medo, e ao mesmo tempo criticava as concepções tradicionais de feminilidade que desculpam e reforçam a "fraqueza" da mulher.
1. Os pressupostos teóricos.
É comum as pessoas pensarem que uma provável "natureza" da mulher ou do homem seria determinante do comportamento. A epígrafe do capítulo descreve uma situação em que são questionados os papéis tradicionalmente atribuídos ao homem e à mulher. A propósito disso, se observarmos a história da humanidade, constataremos que as noções de feminilidade e de virilidade têm fortes componentes culturais e portanto mudam de acordo com o tempo e o lugar. O mesmo ocorre se indagarmos a respeito do que é o ser humano em geral. Esse conceito se encontra permeado de concepções subjacentes, nem sempre claramente explicitadas e que, recebidas pela herança cultural, representam de início um saber não-crítico, que não passou pelo crivo da reflexão. Por isso mesmo se tomam, às vezes, noções inquestionáveis, como se fossem verdades imutáveis. Se prestarmos atenção, para cada concepção não-refletida existem pressupostos teóricos que precisariam ser examinados. Quando fazemos a pergunta fundamental o que é o ser humano?, as pessoas respondem de diferentes maneiras. Vejamos alguns exemplos: - Aquele lá? Não é gente, mais parece um bicho! (Pressupõe que se saiba fazer a