Economia e política na crise global
Otávio Soares Dulci.
O autor procura nos esclarecer acerca dos fatos que culminaram na crise que teve seu ápice no ano de 2008, originada pela bolha imobiliária nos Estados Unidos, em meados de 2007, provocada pelas hipotecas concedidas sem garantias suficientes e supervalorização dos imóveis, o que foi tratado, a princípio, como um problema local.
Nos países emergentes, a crise era tida como residual, face suas economias em expansão, assim como ocorreu no Brasil, que devido às experiências e aprendizado no combate à inflação e a busca da estabilidade na moeda, criou-se uma barreira de proteção, com maiores exigências de garantias,, bem como maior supervisão dos órgãos públicos o que culminou em maior solidez aos bancos.
De outra forma, os países emergentes foram atingidos pela crise pelo lado da produção e comércio, onde o crédito passou a ficar difícil, caro e estagnado, assim como a queda dos preços, onde produtos básicos de exportação, matérias-primas e alimentos tiveram cotação elevada em 2008. O preço do petróleo foi às alturas, momento em que iniciou-se a discussão acerca da produção de álcool em detrimento à produção de alimentos, discussão esta fomentada pela indústria petrolífera, a fim de proteger seu capital perante as fontes alternativas.
O ano de 2008 viveu uma fase de dificuldades que passava por dois extremos: da ameaça da inflação à recessão, desemprego e risco de deflação. Eis que surge a pergunta: O que vai acontecer agora?
Cerca de dez anos antes de estourar a crise, Alan Greenspan, então presidente do Banco Central norte americano, cargo que permaneceu até o início de 2006, havia alertado acerca da “exuberância irracional”, de forma que, em entrevista, assumiu que falhou ao deixar de tomar providências ou promover uma intervenção aos bancos, por acreditar na “mão invisível”, ou seja, que o poder autorregulador das instituições não iria permitir que se chegasse à crise, imaginando que, guiados pelo auto