ECONOMIA SOLIDÁRIA E AUTOGESTÃO: A CRIAÇÃO E RECRIAÇÃO DE TRABALHO E RENDA
ECONOMIA SOLIDÁRIA E AUTOGESTÃO: A CRIAÇÃO E RECRIAÇÃO DE
TRABALHO E RENDA
José Ricardo Tauile*
Huberlan Rodrigues**
INTRODUÇÃO
A história recente registra números que indicam aberrantes deficiências sociais, abrangendo grandes contingentes das populações nas sociedades contemporâneas dos países subdesenvolvidos. Essas aberrações mostram que, não tendo as pessoas acesso aos direitos sociais básicos, são também marginais economicamente. São não apenas inúteis, como conflitantes com a construção de um país com base no bem-estar econômico com justiça social.
Assim como os demais países em situação semelhante, no que tange à organização do
Estado e da economia, o Brasil vive, mais fortemente desde o final do século passado, ameaças e efetivamente o desmonte da estrutura mínima de um estado de bem-estar que possa ser responsável pela implementação e sustentação das políticas sociais destinadas a reduzir as mazelas inerentes ao capitalismo moderno.
Em especial nas economias periféricas, onde há maior dificuldade de acesso ao trabalho (formal) e importantes carências nas áreas de educação, saúde, moradia e terra, entre outras, implementar políticas de fomento e incentivo à geração de trabalho e renda, capazes de combater efetivamente a desocupação e o desemprego, causas maiores da pobreza, parece tornar-se cada vez mais imperativo. Não se quer dizer com isso que as demais políticas sociais e públicas devam ser entendidas como secundárias, ou menos importantes. Estamos, porém, direcionando nosso foco para além do combate assistencial à pobreza e de meras conjunturas do mercado de trabalho, ou seja, nosso foco é o direito ao trabalho, geração de trabalho e renda que sejam estruturalmente sustentáveis no tempo.
Os câmbios tecnológicos e sociais havidos neste período recente colocam uma nova agenda e novas demandas para o mundo do trabalho e seus gestores. A extinção de milhares de postos de trabalho na economia brasileira, a