Durkheim

A coesão social é mantida, em uma sociedade complexa como a nossa, pelo que Durkheim chama de solidariedade orgânica. A saber: o capitalismo e o industrialismo levam a uma nova divisão social do trabalho, onde, cada vez mais, a mão-de-obra torna-se específica, especializada; assim, temos uma maior dependência do outro justamente por que não dominamos sozinhos, a manufatura de todos os bens e a prestação de todos os serviços que nos são essenciais, promovendo, portanto, uma maior integração e codependência entre os indivíduos. O famoso ensaio “I,Pencil” de Leonard Read ilustra com perfeição esse novo contexto, mostrando-nos a quantidade de saberes, recursos e pessoas necessárias à fabricação de um simples lápis. Praticamente nenhuma pessoa detém os conhecimentos e habilidades necessárias para fabricá-lo. Então, trocamos nosso conhecimento diminuto, específico sobre a fabricação do lápis por uma remuneração e, depois, no final da cadeia , onde se somam o conhecimento e o labor de várias pessoas, podemos enfim comprar um lápis. Evidente que no período feudal a tecnologia era menos avançada, o saber não era todo particularizado, portanto não era o trabalho o principal fator de união. A hegemonia da igreja, o acesso limitado à educação, o pensamento tradicionalista e conservador, faziam com que as pessoas tivessem visões de mundo muito parecidas, que não destoassem muito uma das outras.... era uma identificação quase que telúrica. A moral, os valores ficavam ao encargo das instituições sólidas e imperativas da época como a religião, o estado tirânico e absolutista, as convenções do feudalismo. Contudo, hoje, como vimos em Durkheim, o trabalho ( as corporações, empresas) não só integra a sociedade como também é diretamente responsável por incutir a moral no indivíduo e fundamentar seu sistema de valores e suas crenças. Esse aspecto moral e imaterial fica evidente na frase de Max Weber: “O trabalho enobrece/dignifica o homem”. Na medida em que a realização do homem se