Dramas diminutos
[pic]23:00h Agora era ela que temia o relógio. Os passos sinistros no corredor não mais assustavam o jovem rapaz que teve fraturas expostas e sua resistência posta a prova em nosso pequeno episódio no quarto da garota da meia-noite. Essas coisas já são coisas do passado. Ele a ama, ela também. Apenas que existe uma linha extremamente fina entre o amor e o ódio. E quanto mais se está bem, mais se quer estar com alguém, mais se sente feliz, mais há uma escada a subir. O que não fica definido é o que há no fim desta escada. Se for uma eterna subida, ambos se cansarão rapidamente e logo irão preferir descer. Se houverem postos de parada, um será melhor que o outro, e por que não voltar um pouco naquele anterior que foi tão bom? Existe, claro, mais uma opção (sempre há uma terceira. Se não houver, invente). Como os degraus que já foram subidos estão se destruindo, e os da frente também, uma hora ou outra tudo irá despencar!
[pic]23:10h Ele chegou. Há muito amor neste lugar. Um ‘pequeno santuário’ criado pelos dois para evitar que os pensamentos e opiniões alheias interfiram na sua maneira pura e alternativa de amar. Os dois raramente se tocam, embora seus corpos anseiem por isso. As palavras nem sempre lhe saem dos lábios, mas suas presenças dizem mais. O escuro. O escuro é como uma porta, só que aberta quando presente. Fechada está para a indiferença, para a vergonha e para o medo. Assim, sob esta luz, é possível serem totalmente sinceros e conviverem com o presente de sua maneira de todo pacífica, quase como o oceano. Há uma única cor, uma variedade de espécies brincalhonas, esquisitas e perigosas. - Eu te amo. – disse o jovem, olhando, sem saber por causa do escuro, para o joelho da garota. - Eu também. Ele se aproximou. A respiração ficou mais lenta e a batida do coração mais forte. Ela permaneceu parada, sentindo sua aproximação. Não recuou. As mãos se encontraram e se acariciaram. O rapaz