Dragão de Gelo é muito forte.
CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS: A ILUSÃO DE VIVER JUNTOS E
ISOLADOS AO MESMO TEMPO.
Cláudio Travassos Delicato
Doutorado – Ciências Sociais – UNESP-Marília
Separar áreas para moradia de forma distinta, para diferentes camadas sociais da população, nas cidades em geral é uma tendência de fácil verificação.
Abordaremos a questão salientando a opção pela moradia em bairros fechados em razão da preocupação com segurança. O medo orienta muitas práticas cotidianas, nas cidades cada vez mais segmentadas, e uma série de aparatos se desenvolve para criar a sensação de segurança entre os moradores de um condomínio horizontal. Disciplina e vigilância são conceitos que emergem pela análise de espaços micro-comunitários desse tipo. Em tais empreendimentos, conforme palavras de um morador, existe a possibilidade de se “viver completamente junto e isolado ao mesmo tempo” (DELICATO, 2004: 91). A noção de “panoptismo” (FOUCAULT), de pan-óptico, aquilo que permite uma visão total,
está
diretamente
relacionada
a
disciplina
e
vigilância
e
conseqüentemente é muito útil para entendermos um aspecto fundamental da organização funcional de um condomínio horizontal.
Com espaços públicos vistos como “zonas proibidas” (CALDEIRA, 2000), principalmente pela parcela da população que opta pela moradia em bairros fechados, a segregação social assume uma forma em que separam-se, por muros e tecnologias de segurança, habitantes que moram próximos mas são de diferentes estratos sociais tendendo a não circular ou interagir em áreas comuns.
Atributos
da
iluminação,
cidade
que
pavimentação,
seriam
de
âmbito
arborização,
entre
público, outros, como e saneamento,
especificamente
segurança, passam a ser tratados de forma diferencial, evidentemente privativa.
Nos condomínios horizontais, o tratamento do que seria público como privilégio é assumidamente demarcado por muros que transformam em espaço privado