Dr. TOC
DO SÉCULO XX
César Madureira
Resumo No fim deste século, os modelos de organização do trabalho sofrem ainda profundas influências da organização científica do trabalho. A manutenção da polarização das qualificações é possibilitada pela gestão tecnocentrada que aposta em elites de concepção e na formalização do saber da máquina, em detrimento da qualificação do recurso humano. Ainda que a valorização do capital dependa da reintrodução da inteligência produtiva, a redução dos custos imediatos e directos e a melhoria do controlo do processo produtivo constituem as principais preocupações da gestão de topo, o que torna inviável a adopção de um modelo organizacional antropocêntrico que aposte na educação/formação do recurso humano, encarando-o como uma variável estratégica.
Palavras-chave Modelos de organização do trabalho, sistema antropocêntrico, gestão das tecnologias.
Introdução
No final do século XX, fruto da convergência de variáveis de ordem política, económica e social e da consequente evolução das teorias organizacionais, o contexto empresarial e os modelos de organização do trabalho sofrem profundas alterações.1 A mecanização das tarefas e da produção torna-se progressivamente mais ténue, a uniformização dá lugar à diversificação e a explosão tecnológica e científica confere novos contornos às relações industriais. A globalização e as consequentes novas exigências de mercado traduzem-se em reformas na organização do trabalho.
A passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade pós-industrial, com as tendências para uma terciarização maciça, não implicou que os modelos organizacionais do início e de meados do século (tayloristas e neotayloristas) fossem definitivamente abandonados pelas organizações. Pondo a tónica no aperfeiçoamento tecnológico e na secundarização do recurso humano, a visão tecnocêntrica aposta no factor técnico em detrimento do factor humano contribuindo para a