Doutor
Capítulo X As corridas de cavalos representam, na sociedade lisboeta, um esforço desesperado de cosmopolitismo, concretizado, no entanto, à custa de uma imitação do estrangeiro. Imitação reprovada por Afonso da Maia, para quem “o verdadeiro patriotismo, talvez seria, em lugar de corridas, fazer uma boa tourada.” Este episódio permite lançar uma visão panorâmica sobre a alta sociedade lisboeta. Descreve-se um universo social dominado pela monotonia e pela improvisação. O clima humano respirado no hipódromo era dominado por uma carência de motivação e vitalidade evidentes. O episódio deixa perceber mais uma vez o contraste entre o ser e o parecer, a inadequação da atmosfera mundana e cosmopolita das corridas no universo social português. Este episódio vem confirmar que no espaço social de Os Maias se encontram representados não acontecimentos isolados e excecionais, mas antes episódios amplamente elucidativos da mentalidade e comportamentos da alta sociedade lisboeta.
Resposta ao questionário p. 225
1. Os espectadores da corrida pertencem a três estratos sociais elevados, a aristocracia, a burguesia e a pequena burguesia.
À aristocracia, pertencem o visconde de Darque, a viscondessa de Alvim e a condessa de Soutal. Por outro lado, o Steinbroken, o Craft, o Taveira, o Cohen, entre outros, são da burguesia. Por fim, são referidas personagens da pequena burguesia, como, por exemplo, a gente do “Grémio”, das secretarias e da casa Havanesa.
2. As mulheres estão separadas dos homens com receio de ser olhadas como cocottes, isto é, mulheres elegantes, mas de costumes fáceis.
3.1 Da visão de conjunto do grupo feminino, sobressai, por um lado, a demasiada correção (“vestidos sérios de missa”) e, por outro, a falta de ousadia (“corretamente vestidas de xadrezinho”); por fim, o aspeto descuidado das mulheres (“com um ar de ter lama nas saias”).
3.2 A este grupo feminino, falta à vontade, naturalidade, descontração e