Dom casmurro
Narrador:Naquele mesmo tempo, senti necessidade de contar a alguém sobre mim e Capitu. Voltei ao seminário na quarta-feira e lá estava Escobar, perguntando-me o que eu tinha e se estava bem.
Bentinho: Estou .Três dias depois ele me disse que eu estava muito distraído.
Bentinho: Então... Parece muito?
Escobar: Sim, às vezes parece que não ouve nada, disfarce, Santiago.
Bentinho: É que tenho motivos...
Escobar: Creio, ninguém se distrai assim à toa.
Bentinho: É... Escobar? (hesitando).
Escobar: Que é?
Bentinho: Você é meu amigo, sou seu amigo também, você é a pessoa mais próxima a mim aqui no seminário, e lá fora não tenho propriamente um amigo.
Escobar: Se eu disser a mesma coisa perde a graça, vai parecer que estou repetindo. Aqui não tenho relações com ninguém, você é o único.
Bentinho: Escobar... Você é capaz de guardar um segredo?
Escobar: Mas se me pergunta é porque dúvida.
Bentinho: Sei que é moço direito. Desculpe, foi só um modo de falar. Escobar (hesitar um pouco) Eu não posso ser padre, estou aqui, e minha família espera e acredita que eu seja padre, mas eu não posso ser!
Escobar: Nem eu, também tenho o propósito de não acabar o curso, mas isso fica só entre nós, E não é que eu não seja religioso, eu sou... Mas o comércio é minha paixão.
Bentinho: Só isso? Essa é sua paixão?
Escobar: O que mais há de ser?
Narrador: Sussurrei a primeira palavra de minha confidência, tão surda que não a ouvi eu mesmo.
Bentinho: Uma pessoa (sussurro)
Escobar: Uma pessoa?
Narrador: Não foi preciso dizer mais nada para que ele me entendesse. Uma pessoa devia ser uma moça. Contei-lhe o que podia contar, e Escobar concordou que eu não podia levar para a igreja um coração que não era do céu, isso faria de mim um mau padre, na verdade nem se quer seria um verdadeiro padre. Tanto meu segredo quanto o dele estavam enterrados em cemitério, e fiquei feliz em ter