Doenças e Curas
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios, o homem procurou vencer os desafios impostos por suas limitações físicas, enfrentar as doenças. Para isso, cada comunidade analisou, sentiu e combateu as doenças de maneiras diferentes, pois se percebeu que elas são reflexos de crenças, costumes e da organização social do grupo onde está inserida.
A autora deste livro estudou as doenças e a medicina do Brasil estudando assim a comunidade, seus hábitos, cultura e tradições analisando os fatos ligados ao seu surgimento, sua colonização.
VISÕES DO PARAÍSO
No crepúsculo do Renascimento, após inúmeras tentativas frustradas, os europeus lograram atravessar oceanos. Em aventuras até então inimagináveis acabaram por encontrar, acidentalmente um continente. Suas descobertas não se limitaram a novas terras, mas diferentes paisagens, plantas e animais passaram a povoar o imaginário de além-mar. Sobretudo, o que mais intrigou eram aqueles estranhos seres humanos em terras até então desconhecidas e civilizações cuja existência escapara ao conhecimento humano da época. No findar do século XVI, José de Acosta (1539-1600), intrigado com a origem dos primitivos habitantes do Novo Mundo, procurava explicações. O dedicado frade não podia deixar de perceber a cor acastanhada de sua pele, seus olhos amendoados e seus maxilares proeminentes, características sabidamente encontradas em algumas populações orientais. Imbuídos dos novos conhecimentos geográficos proporcionados pelas grandes navegações e pela lógica, Acosta sugeriu que devia existir uma passagem terrestre entre a Ásia e a América possibilitando migrações intercontinentais, que explicaria tais semelhanças físicas. Era o ano de 1590 e o tempo mostrou que pelo menos em parte ele estava certo. A existência da rota transoceânica não se limitou a simples suposições. Decorridos vários séculos, ela teve respaldo em uma ciência nascida em outro continente, com sir Marc Ruffer (1859-1916), que encontrou ovos do parasita