Disputas Metodológicas
METODOLÓGICA NA CIÊNCIA POLÍTICA NORTEAMERICANA
Christina W. ANDREWS1
RESUMO: Este artigo toma a mais recente disputa metodológica na Ciência Política norte-americana como ponto de reflexão de questões permeando a disciplina e seu papel nas Ciências Sociais.
Essa disputa tornou-se pública em 2003, quando um grupo de mais de 200 cientistas políticos norte-americanos manifestouse contra a linha editorial adotada pela revista American
Political Science Review, que dava preferência à publicação de artigos baseados em modelos matemáticos e na teoria dos jogos. O artigo apresenta as origens históricas da fragmentação disciplinar das Ciências Sociais e discute suas consequências para a construção do conhecimento na área da Ciência Política na atualidade. Argumenta que a expansão de trabalhos acadêmicos que se identificam com subáreas das disciplinas tradicionais
– i.e. Sociologia Política, Antropologia Política, Sociologia
Econômica e Economia Política, etc. –, ao contrário de indicarem o aprofundamento da fragmentação das Ciências Sociais, mostram uma tendência para a recomposição de seu corpus metodológico.
PALAVRAS-CHAVE:
Disputa
metodológica.
Movimento
Perestroika. Fragmentação disciplinar. Ciência política. Ciências sociais. Introdução
Em 14 de outubro de 2000, um remetente usando o pseudônimo de “Mr. Perestroika” enviou a vários cientistas políticos norteUNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Departamento de Ciências Sociais. Guarulhos – SP –
Brasil. 07252-312 – christina.andrews@unifesp.br.
1
Perspectivas, São Paulo, v. 38, p. 171-194, jul./dez. 2010
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americanos uma mensagem eletrônica com aproximadamente duas páginas, na qual fazia uma série de queixas contra o status quo na associação norte-americana de Ciência Política – APSA – e na revista editada pela associação, a American Political Science
Review – APSR (MR. PERESTROIKA, 2005). “Mr. Perestroika” se queixava de que o controle da APSA e da APSR