Dispositivo e subjetividade
- O conceito de dispositivo tem uma história filosófica forte na obra dos grandes filósofos pós-estruturalistas, particularmente em Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jean-François Lyotard.
- o efeito que o dispositivo produz no corpo social se inscreve nas palavras, nas imagens, nos corpos, nos pensamentos, nos afetos. Cada um deles faz uso desse conceito para analisar uma obra em que a questão do dispositivo é como um manifesto do seu pensamento.
- Para esses autores, há dispositivo desde que a relação entre elementos heterogêneos (enunciativos, arquitetônicos, tecnológicos, institucionais etc.) concorra para produzir no corpo social certo efeito de subjetivação, seja ele de normalidade e de desvio, seja de territorialização ou desterritorialização, seja de apaziguamento ou de intensidade.
Michel Foucault
- É assim que Foucault fala de dispositivos de poder e de saber, Deleuze fala de dispositivo de produção de subjetividade e Lyotard, de dispositivos pulsionais.
- Segundo Michel Foucault, um dispositivo possui três diferentes níveis ou camadas. Em primeiro lugar, o dispositivo é um conjunto heterogêneo de discursos, formas arquitetônicas, proposições e estratégias de saber e de poder, disposições subjetivas e inclinações culturais. Em segundo lugar, está a natureza da conexão entre esses elementos heterogêneos. E, finalmente, em terceiro, está a formação discursiva, ou a episteme, resultante das conexões entre tais elementos. Sob essa perspectiva, podemos dizer que o cinema institucionalizado — uma sala escura onde é projetado um filme que conta uma história e nos faz crer que estamos diante dos próprios fatos — faz convergir três dimensões em seu dispositivo: arquitetônica, tecnológica e discursiva.
- para Foucault, o processo de produção da subjetividade-prisão nunca esteve restrito ao espaço da prisão, nem mesmo em sua forma arquitetônica panóptica. - O panóptico foi, desde sempre, uma matriz conceitual,