Disléxia
AQUISIÇÃO DA ESCRITA E A DISLEXIA*
Reflecting on the process of acquisition of writing and dyslexia
Giselle de Athayde Massi** Reny Gregolin***
E
ste trabalho nasceu da observação de que muitas crianças, por não seguirem o padrão proposto pela escola, são tomadas pela própria escola e por outros profissionais – médicos, psicólogos, psicopedagogos – como portadoras de dislexia ou dificuldade de aprendizagem na escrita. Os indícios dessa dita dificuldade, porém, relacionados na maioria das vezes a trocas, omissões, adições de letras ou sílabas, escrita pautada na transcrição fonética, segmentação inadequada de vocábulos, quando investigados lingüisticamente, não apontam para um distúrbio, mas desvendam o próprio processo de aquisição da linguagem escrita.
Partindo da análise lingüística de dados da escrita inicial, é possível afirmar que a dislexia1 não se sustenta como um distúrbio vinculado à aquisição
* Esse artigo é parte de tese de doutorado defendida na UFPR, em março de 2004.
** Professora do Mestrado em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná e autora da tese “A outra face da dislexia”.
***Professora do Departamento de Lingüística da Universidade Federal do Paraná e orientadora da tese que originou esse artigo.
1 Cabe esclarecer que, neste trabalho, não estamos negando a existência da dislexia adquirida, ou seja, aquela relacionada a quadros afásicos, mas buscando denunciar que não há fundamento lingüístico capaz de justificar diagnósticos de dislexia em crianças que estão em pleno processo de aquisição da escrita.
Revista Letras, Curitiba, n. 65, p. 153-171, jan./abr. 2005. Editora UFPR
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MASSI, G. de A.; GREGOLIN, R. Reflexões sobre o processo de aquisição da escrita
da escrita, mas, antes disso, evidencia a concretização da aprendizagem dessa modalidade de linguagem. Para sustentar essa afirmação, buscamos:
1 – Analisar criticamente a (in)definição que envolve o