Discussão sobre a saúde mental: suas construções e reconstruções
Canguilhem, autor do livro “O normal e o patológico”, faz algumas reflexões sobre a saúde numa perspectiva epistemológica e filosófica, discute questões como: normal, doença e suas ciências assim como o lugar da cura neste contexto. Estes conceitos são complexos de serem discutidos e por isso merecem uma atenção privilegiada para quem pretende abraçar uma carreira no campo da saúde.
Comecemos pelo conceito de normalidade.O normal é cultural quando diz respeito a uma referência estatística, devendo obedecer a uma padrão pertencente a uma maioria. Mas pertencendo a um indivíduo é relativo e variável. O normal pertence a um corpo subjetivo, a uma subjetividade. O que é normal para um pode não ser normal para um outro. É uma característica que envolve uma interpretação e análise do contexto do qual se está inserido, obedecendo a uma norma singular.
Sendo assim a anomalia pertenceria um contexto patológico? Não necessariamente. A anomalia é um desvio genético ou adquirido pelo indivíduo. Há anomalias que causam impotência e incapacidade no indivíduo de se adaptar às novas maneiras, normas, de viver a vida; causando sofrimento, impotência. A exemplo de uma anomalia “normal” temos: um bebê que já nasce com a polidactilia, ao crescer poderá se adaptar ao meio sem maiores complicações sociais e biológicas, podendo se movimentar, trabalhar, alimentar-se, conviver em sociedade;diferente de quem nasce com deformidades nocivas ou mesmo com incompatibilidade com a vida, oportunizando uma reação a-normativa, causando sofrimento e prevalecendo a norma inferior. Normatividade é a capacidade inerente a todo indivíduo de se adaptar e re-adaptar às flutuações do meio, de ressiginificar o sofrimento, de poder criar e recriar as normas pré-estabelecidas por este na possibilidade de ver na dificuldade uma oportunidade. Quando o corpo é invadido por um microorganismo perde o equilíbrio e só através dos mecanismos