discurso

A fim de não permanecer irresoluto em suas ações, formou uma moral provisória que consistia em três ou quatro máximas.
A primeira era obedecer às leis e aos costumes de seu país, conservando com constância a religião na qual Deus lhe deu a graça de ser instruído desde sua infância, e sendo governando em qualquer outra coisa segundo as opiniões mais moderadas e mais afastadas do excesso, que fossem comumente aceitas e praticadas pelas pessoas mais sensatas entre aquelas com do qual teria de conviver. Pois, queria levar em conta todas as opiniões, seguindo as dos mais sensatos.
Sua segunda máxima era ser o mais firme e resoluto que pudesse em suas ações, e não seguir com menos constância as opiniões mais duvidosas, uma vez que por elas tivesse determinado, do que as seguiria se fossem muito seguras. Quando temos que decidir entre as opiniões, quais são as mais verdadeiras, mesmo não notando mais probabilidade numa que na outra, devemos nos determinar por alguma, e considera-la não mais como duvidosa, mas como muito verdadeira e muito certa.
Sua terceira máxima era sempre tentar antes vencer a si mesmo do que à fortuna, e modificar antes meus desejos do que a ordem do mundo, e, geralmente, acostumar-se a crer que não há nada que esteja inteiramente em nosso poder, a não ser os nossos pensamentos, de sorte que, depois de termos feito o que nos era possível no tocante às coisas que nos são exteriores, tudo o que nos falta conseguir é, em relação a nós, absolutamente impossível.
Por fim, deliberei passar em revista as diversas ocupações que os homens exercem nesta vida, para escolher a melhor.