Discriminação racial no brasil
Helio Santos
São raros os temas que têm a complexidade do assunto em epígrafe. Todavia, no Brasil, país fortemente mestiço, além da complexidade usual, restam aspectos cruciais a serem abordados, preliminarmente, sob pena de se cair num texto linear que a Academia brasileira se especializou em fazer. Evidentemente, que tal caminho fez - ao retardar uma compreensão efetiva - com que só no albor do 3o Milênio o tema ganhasse força e consistência para um verdadeiro debate nacional; o qual, apenas, se avizinha. Aos poucos a invisibilidade que o assunto sempre teve entre nós começa a ser, de fato, quebrada. Nos referimos aqui à temática racial da população negra; ou seja, aquele contingente formado pelos brasileiros identificados como pretos e pardos pelos censos da Fundação I.B.G.E, os quais somados representam a expressiva marca de 47% do conjunto nacional(Censo de 1991). Assim, a abordagem aqui feita prescinde de argumentar sobre a eventual discriminação sofrida por outros grupos raciais-étnicos. A invisibilidade do negro Nada é pior em uma batalha do que não saber por onde vem o inimigo - a sua verdadeira posição. Uma das maiores invenções do arsenal de guerra dos Estados Unidos é o avião bombardeiro B-2 “Stealth” (furtivo), o qual não é notado pelos radares. O poder bélico desse avião é imenso, pois este chega de forma invisível até o território inimigo e por isto é temido pelos estragos que pode causar aos adversários. O negro brasileiro enfrenta em seu cotidiano um oponente deste porte. Poucos têm um radar que consiga captar de maneira precisa de onde partem as dificuldades que bombardeiam continuamente os negros. A invisibilidade da questão racial do negro brasileiro é incontestável. Inúmeros estudiosos a confirmam em seus trabalhos. De todas as grandes questões nacionais nenhuma outra é tão dissimulada quanto à racial em nosso país. O negro não está ausente apenas dos meios de
comunicação em geral,