Direito
Em entrevista ao site da Editora PUC-Rio, Ituassu nos mostra que tópicos que surgiram nessa época, durante a redemocratização, permanecem até hoje como pauta política em nosso país. O autor ainda revela o quão influente a comunicação pode ser ao exercer o principal papel de mediador entre a sociedade e a política. Qual a importância dessa discussão, sobre o Brasil no pós-Guerra Fria, para o momento em que o país vive?
Arthur Ituassu: A meu ver tem uma importância fundamental. Uma das teses do livro é que o que nós somos hoje, como país, os temas que discutimos, as prioridades que estabelecemos, têm origem na segunda metade da década de 1980, quando há o processo de redemocratização e o desmembramento dessa estrutura internacional que é a Guerra Fria, com a derrocada dos regimes comunistas, oboom tecnológico industrial e os novos sistemas produtivos. Somam-se todas essas mudanças a um momento de crise sem precedentes na história do Brasil, cujo principal marco é a hiperinflação. O grande paradigma ligado ao desenvolvimentismo dos anos 1950 está esfacelado, numa crise gigantesca. O que é e o que deve ser o Estado brasileiro, como deve ser sua relação com a economia e a política internacionais - tudo isso é rediscutido nesse momento. Para mim, isso configura um tipo de tradição do que a gente é hoje. Se pegarmos a pauta política atual, discutimos basicamente os mesmos temas. Há uma continuidade histórica. No livro, digo que, ao olhar para essa época, o único risco é o de encontrar a nós mesmos. O colunista da Folha de S. Paulo, Moisés Naim, diz que há pouca produção literária que explora o tema do seu livro. Por que existe esse déficit se é um