Direito
INFLUENCIAM A ATUAÇÃO JUDICIAL A PARTIR DA PSICOLOGIA
ANALÍTICA
1. PSICOLOGIA E DIREITO: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL?
Falar sobre a relação entre direito e psicologia não é tarefa simples. Exige uma postura epistemológica específica, além da coragem de enfrentar todo o preconceito que ainda rodeia abordagens de caráter interdisciplinar. Ainda assim, é desafio que merece ser aceito e levado adiante, tendo em vista os importantes avanços que tal abordagem permite.
Nesse sentido, a proposta do presente texto é lidar com um tema bastante caro para a filosofia do direito, mais especificamente situado nos debates em torno da lógica jurídica, qual seja, a atividade judicial e os fatores que a influenciam, valendo-se, contudo, não apenas dos referenciais da Ciência do Direito, mas também, e principalmente, de contribuições da Psicologia Analítica, com foco nas ideias de Carl Gustav Jung.
O que se pretende, assim, é alargar a discussão a respeito dos aspectos que vinculam e condicionam a atuação judicial, a qual, em grande parte, é feita unicamente a partir do prisma da filosofia do direito, na tentativa de verificar se existem aspectos do psiquismo dos magistrados que também podem funcionar como fatores influenciadores de sua atuação e quais as consequências disso para os estudos da lógica jurídica e para a teoria geral do Direito como um todo.
O texto apresentará a seguinte estrutura: primeiramente, será dado um sucinto panorama do desenvolvimento da psicologia, desde a descoberta do inconsciente pessoal por Sigmund Freud até a elaboração dos conceitos de inconsciente coletivo por Carl Gustav Jung, além de assinalar aspectos importantes das teorias deste autor, como o chamado “processo de individuação“.
Após, considerando-se os propósitos deste trabalho, dedicar-se-á um item específico para tratar da questão da “sombra”, uma vez que este tema parece conter elementos interessantes para o exame do psiquismo