TEORIA ANTROPOLÓGICA E SEXUALIDADE HUMANA Luiz Mott Cada vez mais os cientistas sociais, em particular os antropólogos, estão sendo requisitados para auxiliar os órgãos públicos, as organizações não governamentais e a sociedade civil a pesquisar e propor alternativas a fim de entender e enfrentar problemas dramáticos decorrentes da chamada revolução sexual e das transformações das mentalidades e hábitos provocados pelo desenvolvimento de uma cultura marcadamente hedonista-narcisista: problemas como a gravidez infanto-juvenil, o aborto, a fecundação in vitro, o sexo seguro, as novas formas de educação sexual e sentimental, etc. Com o surgimento da AIDS no início da década de 80, a mais global e destrutiva doença sexualmente transmissível conhecida em toda história, a pesquisa sobre sexualidade humana, adquiriu o mesmo status e grau de urgência dos estudos que a Unesco patrocinou sobre raça e racismo logo após o holocausto nazista. Todos nôs orgulhamos do bom trabalho realizado por nossos mestres naqueles anos dramáticos de pós-guerra. Compete a nós, agora, encontrarmos respostas para este novo impasse mundial. Hoje, frente ao HIV, nenhuma categoria acadêmica, está melhor equipada do que nós, antropólogos, para pesquisar empiricamente e interpretar teoricamente, a diversidade e complexidade de nossa cultura sexual. Cabe-nos missão privilegiada neste mundo globalizado por uma pandemia: mantendo assim aquela mesma coerência advogada pelo jovem Durkheim, ao declarar: "a sociologia não valeria sequer uma hora de dedicação se ela não pudesse ser útil à humanidade." O tema proposto para este concurso foi Teoria Antropológica. Meu objetivo nesta aula é discutir qual tem sido a contribuição da Teoria Antropológica para a compreensão da sexualidade humana. Para tanto, pretendo • inicialmente discutir o conceito de teoria, sua importância no processo da construção do conhecimento científico, salientando o papel das construções interpretativas e