Dilema dos valores
A Educação para os Valores
Maria Odete Valente
Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
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A escola e os valores
O professor na sala de aula bem como a escola no seu todo, naquilo que explicita e não explicita, no que diz permitir e no que proíbe, no que incentiva e no que faz por desconhecer, ensinam aquilo que valorizam, o que acham, justo e não justo, em suma, ensinam valores. O ensino dos valores não se pode evitar. Todas as actividades em que se envolve o professor desde os livros ou textos que sugere ou escolhe, as experiências que selecciona, os trabalhos de casa que recomenda ou pede, tudo isto implica uma hierarquia de valores. Mas não é apenas o professor, são também as regras de jogo da própria escola, as relações entre Conselho Directivo, professores e alunos, as circulares e ordens de serviço, o que se pode ou não fazer no pátio, as actividades extra-curriculares que se fomentam, aquilo que é premiado ou considerado indesejável, são todas estas situações e muitas outras que, explícita ou implicitamente, revelam os valores que se privilegiam. A educação para os valores realiza-se em todos os momentos, permeia o curriculum e também todas as interacções interpessoais na escola e as relações desta com a família e a sociedade. Manifesta-se nas reuniões, na sala de aula, na definição dos capazes e dos incapazes, na maneira como são recebidas as minorias, pobres ou ricos, frágeis ou bem constituídos, cabo-verdianos ou , vestidos a rigor ou desajustados e sem >, etc. Manifesta-se na aula de Ciências, nos métodos utilizados, no maior ou menor uso de argumentos de autoridade, no maior ou menor rigor com que se colhem os dados, na exigência de verdade nos relatos, na tolerância e compreensão em relação à abordagem de cada um em busca de sentido para as suas experiências. Manifesta-se na aula de História ou Estudos Sociais, nos problemas em
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A Educação para os Valores
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