Diagnosticar e ser diagnosticado no contexto de medicina científica.
Atualmente, a ideologia predominante nas escolas médicas quanto à formação do médico é a da excelência técnica, com investimento em tecnologias e na racionalidade. Decorre daí a tentativa de fazer da medicina uma ciência exata baseada em modelos etiológicos tomados das ciências naturais e experimentais. As técnicas inovadoras e sofisticadas assumiram importante papel na busca de diagnósticos mensuráveis e exatos respondendo pelo distanciamento do médico em relação à subjetividade do paciente (MELO, 2008) (CAPRARA & RODRIGUES, 2004).
No campo da saúde, o reducionismo mais visado é o do saber biomédico, cuja base é “o paradigma mecanicista da medicina ocidental moderna” que, segundo Luz (1998, apud ROZEMBERG & MINAYO, 2001) consiste na objetivação científica, privilegiando os aspectos biológicos em prejuízo dos determinantes sociais, na compreensão dos fenômenos saúde e doença; e, além disso, na instauração de um novo objeto para o médico: é a doença o que lhe interessa e não os adoecimentos (ROZEMBERG & MINAYO, 2001).
O médico, às vezes, nem considera a experiência dos sujeitos na esfera da cultura em saúde como objeto de seu saber e de sua prática. (TESSER et al., 1998 apud ROZEMBERG & MINAYO, 2001). As conseqüências desastrosas desse paradigma de “positivismo mecanicista na biomedicina” são a “medicalização” da vida e da sociedade e a percepção da doença somente como fenômeno que se manifesta no corpo, e não como tradução de uma linguagem sobre a cultura e as relações sociais (ROZEMBERG & MINAYO, 2001).
Torna-se imperativo para o médico diagnosticar, uma vez que faz parte de sua tentativa de cura dar uma resposta à necessidade normativa tanto do paciente quando da família e da sociedade (CLAVEREUL, 1983 apud BARONI, VARGAS & CAPONI, 2010). Em virtude das relações configuradas entre os homens e seus corpos e devido à força simbólica da figura do médico na sociedade, este, apesar de não ser propriamente um “teórico da