Dez observações sobre a questão do sujeito
Sírio Possenti
O texto apresenta um resumo das teses elementares a respeito da questão do sujeito na Análise do Discurso e tem o objetivo de mostrar que a questão não está encerrada e que tem se lançado amplamente a domínios diversos das ciências humanas.
O autor coloca que identifica no próprio sujeito o foco da Análise do Discurso, devido ao fato de que “a grande disputa da AD com outras disciplinas se organiza basicamente em torno dessa questão.” E aponta que a vantagem ou desvantagem dos argumentos a que tem recorrido é que eles estavam à margem das versões dominantes em AD e que, por isso mesmo, têm sido confundidos com os da pragmática, já que não se embasam nas ideias dos argumentos canônicos da AD. E lança uma lista com alguns depoimentos sobre suas “aproximações ao problema” ao mesmo tempo em que ressalta não haver depoimentos novos sobre o assunto, mas uma revisão ou reapresentação dos já vistos.
1. Para os analistas do discurso só há um consenso: o fim do sujeito cartesiano. Não se pode aceitar um sujeito sem circunstâncias ou que domine completamente – eis o ponto crucial da teoria. As funções-sujeito são diversas não só em épocas, mas também em gêneros diferentes.
2. Falar de um ponto crucial em torno da AD significa dizer que o sujeito é segundo em relação ao seu entorno social, linguageiro, ideológico, cultural, etc.; ou seja, o sujeito é efeito, ele não é origem.
3. Não aceita a tese recorrente em Ad de que o sujeito é assujeitado por razões empíricas. Em seus estudos percebeu que Foucault e os textos estruturalistas, assim como Bourdieu e Passeron, são todos anti-humanistas o que, naturalmente, o levou à direção de Althusser que já fora incorporado por Pêcheux. Logo, se rejeitou essa tese não foi por desconhecê-la.
4. Banveniste e Ducort e a teoria dos atos de fala o levaram a desconfiar das teses anteriores, pois percebeu que “esses autores trabalhavam nas brechas que punham em questão o