Devido à ideologia ligada ao gênero
As teorias chamadas "de gênero" provocaram, na sociedade atual, uma revolução no conceito de pessoa humana; segundo tal conceito, o que importa é o desejo subjetivo do indivíduo. E as leis apoiam esta ideia em muitos casos. Estamos diante de uma crise dos direitos do homem e da dignidade da pessoa sexuada? A questão da identidade homem/mulher, que durante séculos parecia simples e não havia suscitado maiores preocupações, tornou-se, nos últimos anos, uma questão polêmica. Tal discussão não pode ser tratada unicamente do ponto de vista da fé católica, mas também a partir da razão filosófica, pois concerne ao ser humano em sua própria humanidade, bem como ao futuro das sociedades contemporâneas. Atualmente, passamos por uma profunda crise dos direitos do homem, por muitas razões. Parece que este já não pode ser captado e definido. Por outro lado, a sexualidade já não é considerada como vinculada à procriação responsável, mas ao desejo subjetivo da pessoa. Finalmente, os progressos científicos diluem, ao que parece, a fronteira entre o humano e o animal, e entre o natural e o artificial. A identidade homem/mulher parece uma noção ultrapassada para certa correntes feministas, que veem nesta distinção uma dominação masculina oculta e, portanto, a consideram como potencialmente perigosa para as mulheres. Nossas sociedades democráticas aspiram efetivamente à igualdade e à liberdade. Mas, em matéria de igualdade, hoje já não se sabe se a justiça é ausência de diferenças (ser igual é o mesmo que ser idêntico) ou se, ao contrário, a igualdade consiste em aceitar as diferenças entre uns e outros. Este paradoxo é chave e central nas questões apresentadas