desmaterialização
D O S S I Ê
DISPOSITIVOS DE TELECURA E CONTRATOS DA SALVAÇÃO
SOBRAVIME – Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos. Edital,
Boletim 33, abr.-jun./1999, p. 1-2. Disponível em: . Acesso em: 29/9/2004.
VAZ, Paulo. “Corpo e risco”, in VILLAÇA, Nízia; GÓES, Fred; KOSOVSKI,
E. (orgs.). Que corpo é esse? Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
D O S S I Ê
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A desmaterialização do corpo: da alma (analógica) à informação (digital)
Paula Sibilia1
RESUMO
Apresenta-se aqui uma reflexão acerca da persistência da visão dualista do ser humano: a possibilidade de uma subjetividade descarnada, uma idéia perfeitamente datada, parece continuar vigente na sociedade contemporânea. Se até pouco tempo atrás os corpos eram aprisionados pela alma (uma entidade opaca e analógica), hoje é a informação digital que os amordaça e os torna manipuláveis. Essa informação imaterial que comanda os corpos assume diversas formas: do código genético aos circuitos cerebrais e à imagem do “corpo perfeito”.
Palavras-chave: Corpo; subjetividade; genética; neurociências; dualismo. Doutoranda em
Comunicação e
Cultura na Escola de Comunicação da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
(ECO-UFRJ)
e em Saúde
Coletiva no
Instituto de
Medicina Social da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (IMSUERJ). É autora do livro O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais.
(Rio de Janeiro:
Relume Dumará,
2002).
1
ABSTRACT
Here we present a reflection on the persistence of the dualistic vision of the human being: the possibility of a discarnate subjectivity, a perfectly dated idea, seems to maintain its prevalence in the contemporary society. If, until recently, bodies were imprisoned by the soul (an opaque and analogical entity), today digital information is what gags them and renders them manipulable.
The immaterial information that commands the bodies assumes different forms: from the genetic code to cerebral circuits and