desejos
(Fabio Gomes Ferreira)
Numa estrada ambígua e repleta de caminhos que cruzam o rio eu desejo uma coragem intrépida voltada para o meu horizonte e clara como o dia no caminho do que eu quero. Como uma ave que quer a amplidão do céu eu desejo com sagacidade o que for limpo e bom para mim e que isso jamais venha afugentar-se dos meus dias. Eu desejo não ter que mergulhar no fundo do oceano para fugir dos meus medos ou dos sonhos que outrora estiveram tão pertos de mim, porque para isso os anseios que me tomam numa tarde de quinta-feira já são o suficiente para me abrumar. Desejo estar em paz comigo mesmo e quando o dia me aparecer intrincado, que ainda assim eu encontre serenidade num sorriso incógnito. Desejo que as minhas certezas não durmam no conforto me impedindo de buscar o desconhecido que me faz tanta falta e talvez eleve ainda mais meu espírito. Que eu seja capaz de ignorar o que é certo para os outros ou o que pensam ser certo para mim, que ainda assim eu cante, mesmo que isso não seja o que esperam de mim. Eu desejo que a distância não me impeça de viver um grande amor e que a falta dele também acalme meu coração para que eu não deixe de acreditar em dias mais claros. Eu desejo uma saudade tão doce quanto uma canção mas, desejo que ela seja passageira e só deixe em mim uma lembrança com gosto de infância, que assim eu não sofra por sentir uma ausência. Que eu jamais me entregue antes de lutar corajosamente e o presente se aproveite de mim esgotando-me completamente de coisas das quais ainda não vivi. Eu desejo um reencontro com aqueles que há muito fizeram meus dias mais felizes e permaneçam comigo até essa vontade matar minha sede.