Desejo
Antes de qualquer pontuação, é preciso dizer que os paradoxos do desejo foram percebidos desde a antiguidade pela Filosofia e na Literatura, muito antes da Psicanálise. Mas, é a Psicanálise, quem conseguiu dar conta do desejo. Quem inicia a familiarizar estes paradoxos obviamente é Freud, que traça em suas falas sobre um único desejo no singular, inconsciente, desconhecido, portanto, do sujeito e, além disso, indestrutível. Já Lacan, traz esses paradoxos de uma outra origem, que em sumo seria que a causa do desejo não é o objeto do desejo. Em outras palavras, o desejo enquanto tal, não tem objeto que lhe seja apropriado.
Como falei de objeto, se faz importante contextualizar que há duas grandes formas do desejo: há desejos sem objeto, ou seja, os desejos que erram, no sentido de errância, precisamente, e há os desejos com objeto, que são desejos de algo. Sendo os primeiros portadores da marca de infinitude e os segundos, definidos por Lacan de desejos finitos, no sentido de serem fixados em um objeto preciso. E o dilema envolvente é saber como é que esses desejos finitos se constroem.
Em seus ensinamentos, Lacan, instituiu, no início, sobre a dimensão de infinitude do desejo. Toma por desejo o simples voto, aspiração, que participa de uma vaga espera, sem objeto, e que inventa objetos imaginários sem consistência. É por isso que ele disse que o tédio, a prece, a vigília, são todos nomes do desejo. Até mesmo o nada é objeto do desejo. (SOLER, 2014)
Ainda, corroborando com Lacan ao referenciar o fundamento estrutural do desenvolvimento do desejo, que diz que esse só é engendrado a partir da falta. Podemos por assim dizer que inicialmente, o desejo é feito, negativamente, de linguagem; portanto, o desejo como efeito do significante, pelo fato de falarmos. O desejo é trazido pela morte, isto é, ele é trazido pela morte que a linguagem veicula. Dessa forma, ele é um vetor que não sabe para onde vai. (LACAN, 1958)
Soler (2013), ao citar a fala