Desejo e decepção caminhando de mãos dadas
DESEJO E DECEPÇÃO
CAMINHANDO DE MÃOS DADAS
BORN, Ani Mari Hartz
Doutora pela UNISINOS; Mestre pela PUC/RS anihartz@uol.com.br 2
Desejo e decepção caminhando de mãos dadas
LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da decepção. Barueri, SP: Manole, 2007. 84p.
O filósofo francês Gilles Lipovetsky, professor de filosofia na universidade de Grenoble, na França, possui um rol de obras publicadas no Brasil, tais como O império do efêmero, A terceira mulher, Metamorfoses da cultura liberal, O luxo eterno, Os tempos hipermodernos, A sociedade pós-moralista, A era do vazio, O crepúsculo do dever. Sob influência de Michel Houellebecq, Friedrich Nietzsche, Blaise Pascal e
Alexis de Tocqueville, Lipovetsky navega em temas como moda, feminino, consumo, publicidade, hedonismo, individualismo, luxo, moral.
Se Guy Debord rotulou a sociedade da época através da obra A sociedade do espetáculo, e Jean Baudrillard através de A sociedade do consumo, Gilles Lipovetsky publicou, em 2007, A sociedade da decepção e também A felicidade paradoxal. O elo entre essas duas obras está na análise dos paradoxos da sociedade atual. Ao estilo de
Edgar Morin, Lipovetsky apresenta os antagonismos da sociedade contemporânea como complementares. Quem acompanha o trabalho de Lipovetsky tem ciência que o autor é considerado um tanto otimista. Ao ler o título A sociedade da decepção, em um primeiro momento se pensa: “será que Lipovetsky virou um filósofo pessimista assim
Intexto, Porto Alegre: UFRGS, v. 2, n. 17, p. 1-5, julho/dezembro 2007.
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BORN, Ani Mari Hartz
como era Jean Baudrillard?”, mas as oitenta e quatro páginas mostram que “nem tanto ao céu, nem tanto a terra”, ou seja, ele demonstra um hábil e sábio equilíbrio. Desde o início, o filósofo traz evidências do tom ponderador de toda a sua obra: “Quando falamos em sociedade da decepção, não pretendemos insinuar que a desmoralização absoluta seja a marca distintiva de nossa época” (p. 7). A maior