Desafios Ec
As escolas da cidade, seriadas, têm tantos problemas de aprendizagem quanto têm os alunos das escolas do campo. Não se pode dizer que é precário por ser multisseriado. É precário porque existe uma série de ausências, inclusive a ausência de uma proposta pedagógica para trabalhar com essas escolas. Há grupos discutindo que a escola multisseriada é uma estratégia possível de ser trabalhada – ela é uma realidade. Para as escolas no campo, ainda é preciso garantir que elas sejam organizadas, porque, se não fosse assim, muitas já teriam fechado e o problema seria ainda maior.”
Há vários países que trabalham com escolas multisseriadas e parte delas opta pela escola chamada “multigrado”. Na minha pesquisa de doutorado, acompanhei a experiência da comunidade autônoma da Catalunha [Espanha]. Por lá, todas as escolas rurais, do 1º ao 5º ano, são organizadas em multisséries, com crianças em diferentes graus de aprendizado no mesmo espaço. Eles têm cinco professores que se revezam no acompanhamento da turma – profissionais que, em determinados momentos, estão com todos os alunos e em outras etapas estão trabalhando com grupos divididos. Na verdade, a multissérie, como conhecemos no Brasil, pode soar como precarização, porque parece ser o lugar da ausência dos professores, da ausência da formação adequada, da ausência do material didático. Mas existe em outros países como alternativa.
Investimento em formação
Parte dos professores não tem nível superior e outra grande parte tem nível superior, mas não uma formação adequada para atuar na escola do campo. Muitas vezes se associa a graduação à compreensão da escola do campo. Quando eu entrei na universidade, durante o curso inteiro, não conheci nem sequer uma escola rural. Hoje, as universidades discutem muito mais a escola do campo. Alguns programas têm se consolidado nessa direção. No Pronacampo, há uma ação chamada Procampo, um programa de apoio às licenciaturas em educação do campo que o