Depois que o primeiro homem maravilhosamente pisou na lua
Alexandre Reis *1
Depois que o primeiro homem
Maravilhosamente pisou na lua
Eu me senti com direitos, com princípios
E dignidade
De me libertar
Trecho da Canção “Take Easy my brother Charles”.2
Resumo: O presente artigo tem como objetivo investigar as relações raciais na sociedade brasileira entre os anos de 1960 e 1970 através da análise do campo musical durante o Regime
Militar tendo como foco a obra e a trajetória do artista conhecido com Jorge Ben.
Palavras-chave: Relações Raciais – Música Popular Brasileira – Ditadura Militar
Abstract: This article aims to analyze race relations in Brazilian society between 1960 and
1970 by examining the musical field during the Military Regime with a focus on work and career of the artist known as Jorge Ben.
Keys-Words: Race Relations - Brazilian Popular Music - Military Dictatorship.
O músico e compositor Jorge Duílio de Melo Menezes começou sua carreira nos anos
1960, com o nome artístico de Jorge Ben, e continua em atividade até os dias de hoje3. Em sua vasta produção musical destacam-se canções que acionam uma memória da escravidão, evocam uma ancestralidade africana e evidenciam uma identidade negra.
O seu primeiro álbum é de 1963 e o maior sucesso deste período foi a canção Mais que nada, que já evidenciava estas características: “Esse samba que é misto de maracatu/É samba de Preto Velho/Samba de preto tú”4.
Jorge Ben tem pelo lado materno uma ascendência africana direta, o Pai de sua mãe era Etíope5. Essa ancestralidade africana transparece em algumas de suas músicas como
*Mestrando pelo Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Projeto de pesquisa: “Eu quero ver quando Zumbi chegar”: a identidade negra em Jorge Ben(1963-1976).
2
Do álbum Jorge Ben. Philips. 1969.
3
À partir dos anos 1980, o músico muda seu nome artístisco para “Jorge BenJor”. Como está se analisando o período até 1976,