Andar a pé
Andar a Pé
Henry David Thoreau
1817-1862
Tradução
Sarmento de Beires e José Duarte
Fonte Digital
Digitalização do livro em papel
Ensaístas Americanos
Clássicos Jackson
Volume XXXIII
W. M. Jackson Inc.
Rio de Janeiro, 1950
Digitalização,
revisão para o português do Brasil e
Versão para eBook eBooksBrasil.com © 2003 — Henry David Thoreau
ANDAR A PÉ
Henry David Thoureau
1817-1862
DESEJO dizer uma palavra em nome da natureza, em nome da liberdade absoluta, em nome da amplidão, que contrastam com a liberdade e a cultura das cidades — no sentido de considerar o homem como um habitante da natureza, ou parte e parcela dela, e não como um elemento da sociedade. Desejo fazer uma exposição vasta e, se puder, a farei enfática, pois existem muitíssimos campeões da civilização. Não só o ministro e as congregações das escolas mas todos vós a tomareis em consideração.
Em todo o decurso da minha vida só encontrei uma ou duas pessoas que compreendiam a arte de andar, isto é, de dar passeios a pé — que tinham o gênio, por assim dizer, do “sauntering”, palavra esplendidamente derivada de “pessoas vadias que erravam pelo país, na Idade Média, e pediam esmola sob o pretexto de irem à la Sainte Terre” à Terra Santa, até as crianças exclamarem “Lá vai um Sainte-Terrer“, um “Saunterer”, um da Terra Santa. Os que nunca vão à Terra Santa nas suas peregrinações, como pretendem, são, em verdade, meros vadios e vagabundos; mas os que lá vão ter são “saunterers”, no bom sentido que tenho em vista. É certo que alguns derivariam a palavra de sans terre, sem terra ou pátria, o que, portanto, no bom sentido, significará — não tendo pátria determinada, mas igualmente tendo sua pátria em toda parte. Pois este é o segredo do vitorioso “sauntering”. Os que se deixam permanecer em casa, quietos, sempre e sempre, podem ser os maiores errantes de todos; mas o “saunterer”, no bom sentido, não é mais errante do que o rio sinuoso, cujo