Depois que quis Amor que eu só passasse#Português
Assunto: O assunto é o sofrimento que o amor causa no sujeito poético, porque o Amor não foi brando, nem generoso com o poeta. Entregou-o à má sorte e ao destino. Fê-lo sofrer e passar por mil tormentos, chegando ao ponto de, já não havendo mais como torturá-lo, entregá-lo à Fortuna. Divisão do poema em partes
Depois que quis Amor que eu só passasse
Quanto mal já por muitos repartiu,
Entregou-me à Fortuna, porque viu
Que não tinha mais mal que em mim mostrasse.
Ela, porque do Amor se avantajasse
Na pena a que ele só me reduziu,
O que para ninguém se consentiu,
Para mim consentiu que se inventasse.
Eis-me aqui vou com vário som gritando,
Copioso exemplário para a gente
Que destes dois tiranos é sujeita;
Desvarios em versos concertando.
Triste quem seu descanso tanto estreita,
Que deste tão pequeno está contente!
Análise formal:
Pertence à medida nova, designada assim pelo facto de corresponder a um verso de 10 sílabas métricas (decassílabo). Quanto ao género poético é um soneto, formada por 14 versos distribuídos por duas quadras e dois tercetos.
Apresenta uma estrutura rimática, abba//abba – nas quadras
Cde//ced – Nos tercetos
Depois que quis Amor que eu só passasse - a
Quanto mal já por muitos repartiu, - b
Entregou-me à Fortuna, porque viu - b
Que não tinha mais mal que em mim mostrasse. - a
Ela, porque do Amor se avantajasse – a
Na pena a que ele só me reduziu, - b
O que para ninguém se consentiu, - b
Para mim consentiu que se inventasse. - a
Eis-me aqui vou com vário som gritando, - c
Copioso exemplário para a gente - d
Que destes dois tiranos é sujeita; - e
Desvarios em versos concertando. - c
Triste quem seu descanso tanto estreita, - e
Que deste tão pequeno está contente! - d
Principais recursos estilísticos e sua expressividade:
Depois que quis Amor que eu só passasse
Quanto mal já por muitos repartiu,
Entregou-me à Fortuna, porque viu
Que não tinha mais