Os Lusíadas
Introdução
A Ilha dos Amores é o episódio final que desvenda todo o significado dos Lusíadas. A ilha surge como um local ideal, cheio de prazeres para os marinheiros valentes, gerando a descendência semi-divina da raça lusa, da qual uma ninfa profetiza os feitos futuros. É ainda do topo de uma montanha desta ilha que Tétis mostra a Gama a Grande Máquina do Mundo.
Os navegadores portugueses cumpriram a viagem de conhecimento e descoberta do caminho marítimo para a Índia, aproximando gentes, culturas e memórias. Eles pelo trabalho imenso e fragoso foram compensados na doce, alegre e deleitosa Ilha dos Amores, a qual constitui a promessa de uma compensação absoluta do esforço e mérito humanos, por proposta de Vênus.
Na Ilha dos Amores o épico cede lugar ao lírico. Nela se ratifica a ideologia dominante: A carência material é figurada pelo amor sensual e pelo banquete, e a carência espiritual que é retratada na demonstração da Grande Máquina do Mundo. (canto X)
Além disso, a Ilha simboliza a glorificação pelos feitos heroicos e a imortalidade do nome para sempre gravado na História. E o amor representa a vitória sobre o desconcerto do mundo.
A Ilha dos Amores é a síntese espaço-temporal e histórica da trajetória portuguesa. Tendo a ocorrência dos três planos temporais: o presente, o passado e o futuro.
Estes espaços e estes planos temporais se correspondem:
Terra: é o espaço de realização do passado português, o da consolidação do Reino; Mar: é o lugar do presente em que se dá a ação expansionista; Ilha: se prediz o futuro de outras conquistas que consumarão a grandeza e a fama.
Céu: representa a comunhão entre o mundo concreto e o universo abstrato em que atuam os deuses. É o que se verifica logo na preparação da ilha, quando Vênus convoca seu filho Cupido:
Parece-lhe razão que conta desse
A seu filho, por cuja potestade
Os deuses faz decer ao vil terreno
E os humanos subir ao Céu sereno.
2) história
Tiveram longamente na