Definição de Espécies
31(1):95-106, março de 2001
A DEFORMAÇÃO DAS COBERTURAS TERCIÁRIAS DO PLANALTO DA
BORBOREMA (PB-RN) E SEU SIGNIFICADO TECTÔNICO
JOÃO MARINHO DE MORAIS NETO1 & FERNANDO FLECHA DE ALKMIM2
RESUMO A ocorrência de capeamentos sedimentares em cotas elevadas do Planalto da Borborema, no nordeste brasileiro, tem sido apontada como evidência do soerguimento experimentado por aquela porção do escudo brasileiro durante o Cenozóico. Tais sedimentos constituem a Fm. Serra do Martins (conglomerados e arenitos continentais), cuja idade é atribuída ao Eoterciário. Um estudo estrutural, sedimentológico e geocronológico realizado no capeamento sedimentar das serras de Cuité, Bom Bocadinho, Araruna, Dona Inês e Solânea-Bananeiras, no estado da Paraíba, revelou que a Fm. Serra do Martins sofreu um importante pulso de soerguimento sob a influência de um campo de tensões com forte componente compressional.
Na porção estudada do Planalto da Borborema, os platôs sedimentares ocorrem como mesetas assimétricas que compreendem um grande homoclinal mergulhando para N e NNE. As estruturas mais penetrativas observadas em afloramentos são dois conjuntos de juntas subverticais com direções NNW-SSE e E-W. Também são frequentes falhas reversas de baixo ângulo, mergulhando principalmente para SE, assim como zonas de deslocamento intraestratal. Falhas direcionais dextrais de baixo a médio ângulo, com orientação NW-SE, estão presentes na zona de contato entre o embasamento cristalino e a cobertura sedimentar. Feições transcorrentes dextrais, orientadas nas direções NE-SW e NW-SE, ocorrem mais raramente. Na serra de Solânea-Bananeiras, as estruturas mais conspícuas são falhas normais de direção NNE-SSW e NW-SE, assim como conjuntos de juntas subverticais orientados segundo SSE, WNW-ESE e NE-SW.
Análise cinemática e determinação de paleostress indicaram uma tensão compressional orientada na direção SE-NW para a nucleação da família de estruturas