Definindo a História
Damos o nome de História ao passado das sociedades humanas, investigado e resgatado das profundezas do esquecimento, da omissão e da ocultação; passado entendido a partir das experiências e dos projetos sociais contraditórios produzidos por essas sociedades, ou seja, as sociedades humanas (desde as suas primeiras formas de organização até as estruturas contemporâneas mais sofisticadas) explicam-se por processos movidos pelos interesses de seus componentes (grupos, castas, classes), na maioria das vezes, conflitantes. A compreensão da existência desses projetos sociais nos diferentes tempos históricos é fundamental para que se entenda o passado.
Observe-se ainda que o conhecimento desse passado das sociedades humanas não está a princípio claro ou sequer disponível. Cabe ao historiador ir ao encontro desse passado social para fazê-lo ressurgir na forma de uma interpretação científica, utilizando-se para isso das ferramentas próprias da pesquisa histórica.
Ao estudarmos as evidências explícitas que o passado nos deixou (monumentos, ruínas de templos religiosos e palácios, registros escritos em paredes e lápides, produzidos em diferentes períodos e contextos históricos), percebe-se que elas tinham o propósito de conduzir suas respectivas sociedades a compreensões que atendiam aos interesses de seus dirigentes. Como ensina o historiador catalão Josep Fontana.
A História enquanto ciência tem hoje uma função social importantíssima: a de desnudar as versões do passado, que foram produzidas para gerar submissão e exclusão, substituindo-as por compreensões que explicam as ações do cotidiano dos povos no âmbito dos antagonismos e dos projetos dos diferentes grupos e classes sociais no tempo. Por fim, gerando um entendimento mais acurado e amplo do passado, do qual se tire partido no presente para a realização de sociedades mais justas e igualitárias. Podemos, então, dizer que “mudou de lado”, deixando de servir às classes dominantes para cumprir uma