defeitos da argumentação
1) Emprego de noções semiformalizadas
Há certos termos que, na linguagem científica, ocorrem com um significado preciso, restrito a esse tipo de linguagem, e que por isso devem ser empregados com o rigor que assumem nesse contexto específico. Exemplo disso são palavras ou expressões do tipo: sistema, estrutura, classe social, práxis, infraestrutura, superestrutura, burguesia, corpo social, manipulação, cultura de massa, socialismo, idealismo, estruturalismo e tantos outros.
Nas suas redações, os alunos, às vezes para exibir erudição, empregam esses termos em significado largo, afrouxado, conjugando inclusive termos de correntes científicas opostas entre si.
É preciso cuidado para empregar esses termos, caso contrário, os enunciados ficam desfigurados e descaracterizados por fundirem desencontradamente termos de correntes científicas distintas. Não se podem vulgarizar impunemente os termos científicos atribuindo-lhes uma significação subjetiva, às vezes até grosseira.
As duas frases que seguem podem ilustrar como o mau emprego desses termos pode produzir efeitos perturbadores:
Professores e alunos pertencem a classes sociais distintas: os primeiros. à burguesia; os últimos, ao proletariado.
Os conceitos de classe social, burguesia e proletariado estão empregados de maneira inadequada.
Na verdade, dentro de uma instituição social, um indivíduo pode ocupar uma posição superior e pertencer à mesma classe social daquele que ocupa uma posição inferior.
A burguesia, por exemplo, é constituída pelos proprietários de indústrias; o proletariado é constituído por todos aqueles que entram com a mão-de-obra para a produção de bens. Esses conceitos nada têm que ver com a posição de professores e alunos no interior da escola.
Ainda um outro tipo de enunciado com o mesmo defeito:
Não se deve negar ao cidadão o direito de protestar: isso já é comunismo.
O enunciador da frase deve acreditar que o comunismo seja sinônimo