Declaração
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Ainda uma vez a ética e a ética ambiental
Fausto A. de Azevedo1
"A falsidade central deste modelo reside no fato de que o poder econômico é o mesmo que o poder político. O único antídoto para reverter esse mau funcionamento da democracia é construir uma sociedade crítica que não se limite a aceitar as coisas pelo que elas parecem ser e depois não são, mas se faça perguntas e diga não sempre que for preciso dizer não. Para isso, é urgente voltar à filosofia e à reflexão". José Saramago.
Q
uanto à visão de mundo e de vida, a sociedade humana atravessou três fases
(paradigmáticas) e hoje as três convivem conosco e em nós: a teocêntrica, a antropocêntrica e a biocêntrica. Bom seria se tivéssemos tido sempre uma só fase – a eticocêntrica... Mas vamos lá.
Claro está que cada um desses três dispositivos acaba por criar um arcabouço de preceitos éticos, todos derivados da maneira de ver e acreditar o mundo e a natureza naquele espaço e naquela época. Os preceitos do teocentrismo começam no livro bíblico do Gênesis: a criação do homem (no sexto dia, Gên. 2.72) é o ponto final e elaborado da criação do universo! Assim, ele é tido como uma forma de ser superior, abaixo apenas do Criador.
Nesse sentido, tudo lhe fica ético perante os demais elementos do mundo natural, das pedras aos animais.
O Deus bíblico não foi muito generoso como educador do homem quanto a respeito ou mesmo estratégias que ele deveria ter para com os outros constituintes do planeta. O recado era crescer e se multiplicar, utilizando os bens disponíveis (Gên. 1.26,273) e os submetendo; o homem sendo o corpo de Deus.
Portanto, tínhamos o homem senhor da natureza submetido apenas ao Deus senhor do Universo, cada qual em sua escala, e ascender a Deus significava pular um nível quântico nessas escalas, missão para o cristianismo.
Depois, passamos ao antropocentrismo: o homem, com o conhecimento científico, pode