declaração
E eu então: — Que dizes, ó Diotima? É feio então o Amor, e mau?
E ela: — Não vais te calar? Acaso pensas que o que não for belo, é forçoso ser feio?
— Exatamente.
— E também se não for sábio é ignorante? Ou não percebeste que existe algo entre sabedoria e ignorância?
— Que é?
— O opinar certo, mesmo sem poder dar razão, não sabes, dizia-me ela, que nem é saber — pois o que é sem razão, como seria ciência? — nem é ignorância[3] — pois o que atinge o ser, como seria ignorância? — e que é sem dúvida alguma coisa desse tipo a opinião certa, um intermediário entre entendimento e ignorância.
— É verdade o que dizes, tornei-lhe.
— Não fiques, portanto, forçando o que não é belo a ser feio, nem o que não é bom a ser mau. Assim também o Amor, porque tu mesmo admites[4] que não é bom nem belo, nem por isso vás imaginar que ele deve ser feio e mau, mas sim algo que está, dizia ela, entre esses dois extremos.
— E todavia é por todos reconhecido que