Decartes e a filosofia do cogito
O mundo estava em transformação. Grandes eventos determinavam no curso da história, sobretudo pelo impacto de suas repercussões na mentalidade das pessoas nessa época. As descobertas realizadas pelas grandes navegações, desde o início do século XV, por exemplo, mudaram profundamente a concepção das pessoas em relação à própria Terra, sobretudo após a descoberta das Américas. Nesse período, homens como Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Galileu Galilei e Johannes Kepler proporcionaram um modo totalmente novo de considerar o mundo físico e suas implicações por meio da elaboração de suas teorias científicas, conferindo uma nova concepção de universo. Entre outros dos principais eventos, está o desdobramento dos efeitos da Reforma Protestante de Lutero, bem como o consequente abalo da autoridade política da Igreja Católica e a crise da sociedade feudalista, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de “produção de conhecimento”. Para a sociedade feudal, o conhecimento estava nas mãos da Igreja. A França à época de Descartes é a França de Luís XIII e do Cardeal Richelieu. A política de Richelieu gerou grande progresso para a França, porque atribuiu privilégios e monopólios aos negociantes e manufatureiros e ampliou o comércio marítimo. Porém a ciência oficial continuava estagnada em torno dos comentários dos antigos (particularmente de Aristóteles) porque este atraso indiretamente interessava ao absolutismo monárquico.
É em meio a essa realidade, envolvida em crises e conflitos, que nasce René Descartes e se desenrola seu trabalho e reflexão. Daí, podemos compreender