Debates sobre o fim do escravismo na américa latina
A escravidão no Brasil tinha um sentido de ser que se pautava em várias teorias e discursos que não nasceram aqui, mas que se desenvolveram e evoluíram ao longo do século XIX ganhando feições próprias e condizentes a realidade brasileira. Um discurso de legitimação, uma explicação, uma utilidade que se relacionava e moldava as relações não apenas econômicas como também sociais no Brasil. Certos elementos de definição do que viria a ser a população brasileira, questões como cidadania e raça se pautavam, partiam de ou ao menos faziam alusão a elementos que remetiam a escravidão. a existência do tráfico de escravos e a forma como ele era feito, bem como sua abolição em 1850 teve consequências na construção e desconstrução dessa lógica. Partindo dos argumentos propostos por Beatriz Mamigonian e Hebe Mattos é possível ter uma visão bem mais ampla a respeito desta conjuntura que cerca o tema “escravidão” no Brasil.
Mamigonian defende em seu texto que a escravidão era o cerne da sociedade e economia nos territórios sob o domínio português. De acordo com seu raciocínio, isso é fruto da lógica de expansão religiosa e econômica, sendo a expansão da cristandade um elemento chave para se entender o discurso escravista em um primeiro momento. A autora apresenta a necessidade de conversão dos pagãos como discurso justificativo para a escravização e para o tráfico de africanos e se mostra adepta de teoria proposta por Lílian Shwartz que dilata o campo de influência do modo de produção escravista, afirmando que mais do que as relações de trabalho, a escravidão pautava também as relações sociais entre os livres.
Ao longo do texto é possível ver a evolução da lógica escravista e os novos argumentos anexados a ela a partir das