Análise da concentração fundiária na Zona da Mata de Pernambuco: recriação do campesinato versus expansão do agronegócio
Instituto de Políticas Publicas e Relações Internacionais - IPPRI
Escola Nacional Florestan Fernandes – ENFF
Mestrado em Desenvolvimento Territorial da América Latina e Caribe
Análise da concentração fundiária na
Zona da Mata de Pernambuco: recriação do campesinato versus expansão do agronegócio
Trabalho Disciplina: Economia política do campesinato e questão agrária na América Latina
Professor: Luiz Hocsman
Educando: Talles Adriano dos Reis
São Paulo
Novembro - 2013
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1. Resumo
“Dois homens levavam caçambas com mel batido para as formas estendidas em andaimes com furos. Ali mandava o purgador, um preto, com as mãos metidas na lama suja que cobria a boca das formas. Meu tio explicava como aquele barro preto fazia o açúcar branco”
José Lins do Rego (1979, p. 13)
A questão agrária brasileira é, há muito tempo, objeto de intensas pesquisas e debates acadêmicos. Primeiro porque possui, desde a sua origem, particularidades únicas sobre a forma de uso da terra e as relações sociais construídas, em cada momento histórico, para o seu uso e sua exploração. Única colônia portuguesa nas Américas,
Portugal implantou um sistema de exploração, inicialmente na forma das capitanias hereditárias e sesmarias, que marcaria profunda, e indelevelmente, o processo de constituição do
país.
Síntese
deste
processo
foi
a
tríade
trabalho
escravo,
majoritariamente africano mas também indígena; grande propriedade latifundista e a destinação externa da produção. Essas características levaram a um debate sobre qual o modo de produção neste período, se capitalista ou feudalista.
Superado o período colonial, o império, a república velha e com o desenvolvimento do processo de industrialização a partir dos anos 30, se configurou um novo país. Porém, como que uma mácula, algo ainda permaneceu irresoluto neste processo; diferente mas com o mesmo conteúdo