De que adianta se preparar?

O Exame Nacional do Ensino Médio, popularmente apelidado de ‘Enem’, para quem não sabe, é o segundo maior exame do mundo, atrás apenas de um tal teste chinês. Confesso, de antemão, nunca ter participado dele e sempre achar graça das peripécias que caracterizam o exame. Sim, eu nunca fiz o Enem e rio dele sempre que posso, ok?
É cômico (e ao mesmo tempo triste) ver o desespero dos atrasados. Tudo nessa vida tem hora e não é possível que as pessoas consigam se atrasar depois de terem se preparado o ano inteeeeeiro para isso. Se fosse para chegar cedo na baladinha e pegar cortesia VIP eu duvido que atrasariam, mas enfim. A graça não está exatamente na desgraça dos estudantes, mas sim nas figuras que aparecem. Fico imaginando a batalha campal precedente ao fechamento dos portões, que acontece exatamente às 13h01min (na maioria dos locais). É gente chorando, marido empurrando portão, grávida pulando muro, estudante se descabelando... Tenhamos dó das mães dos fiscais responsáveis por fechar as portas. Imagina quantos desaforos levam sem poderem se defender?
Corre corre pra lá e empurra empurra pra cá quando tudo deveria acontecer na maior paz do mundo. A culpa é da mania feia do brasileiro de deixar tudo para cima da hora, sempre com o ingênuo pensamento de que nada vai dar errado (sem generalizar). Mas dá. É sabido que o caos no trânsito e no transporte público piora uns 500% (e olhe lá) com eventos que mobilizam multidões, tipo esse Enem. Eu, particularmente, saio de casa com bastante antecedência quando tenho algo tão importante marcado, estratégia que deveria ser adotada pelos futuros universitários do Enem. No ano passado, cerca de dois milhões de estudantes dos 7,1 inscritos não conseguiram chegar a tempo e adiaram um sonho. Número que poderia ser drasticamente dimunuído fosse um pouquinho mais de responsabilidade. O brasileiro é um povo engraçado – e relaxado – mesmo.