De Duve
DOSSIÊ
THIERRY DE DUVE, Cinco reflexões sobre o julgamento estético
THIERRY DE DUVE
Cinco reflexões sobre o julgamento estético Tradução: Patricia Chittoni Ramos Reuillard*
RESUMO
Em uma palestra que ministrei na Cause Freudienne de Bruxelas, em 1993, desenvolvi as cinco reflexões seguintes, que ainda retratam meu pensamento:
1. Como se passa do julgamento estético clássico, do tipo “isto é belo”, ao julgamento estético moderno, do tipo “isto é arte”.
2. Como a forma predicativa da frase “isto é arte” parece fazer dela uma constatação conceitual ou um julgamento atributivo análogo a “isto é uma cadeira”.
3. Como, na realidade, tudo o que diz Kant do julgamento estético “isto é belo” continua a se aplicar a “isto é arte”, exceto pelo fato de que o sentimento sobre o qual repousa esse julgamento não se alterna mais necessariamente entre o prazer e o desprazer.
4. Como isso corresponde a uma dissolução radical das convenções artísticas e compromete a própria possibilidade de exercer um julgamento estético comparativo. 5. Como, apesar de tudo, o julgamento estético moderno e contemporâneo compara os incomparáveis. PALAVRAS-CHAVE
Julgamento estético; Estética clássica; Estética moderna e contemporânea.
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Revisão técnica: Mônica Zielinsky.
REVISTA PORTO ARTE: PORTO ALEGRE, V. 16, Nº 27, NOVEMBRO/2009
DOSSIÊ
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CINCO REFLEXÕES SOBRE O JULGAMENTO ESTÉTICO1
1. Como se passa do julgamento estético clássico, do tipo “isto é belo”, ao julgamento estético moderno, do tipo “isto é arte”, exemplificado pelo ready-made de Duchamp.
1
Publicado na revista Quarto, da
Ecole de la Cause freudienne, na Bélgica, n° 53, inverno 1993-94. O texto é a retranscrição da gravação de uma palestra ministrada na Cause freudienne de Bruxelas em 17 de dezembro de 1993, graças ao gentil convite de Yves Depelsenaire. Evidentemente, “limpei” e remanejei um pouco o texto, mais tentei conservar tanto quanto possível seu caráter oral e quase improvisado; o único material escrito sobre o