Das avessas da inteligencia
Curso: Bacharelado em Ciência e Tecnologia
Disciplina: Produção de Textos
Professor: André
O caso se deu mais ou menos da forma que vou relatar. Prova de Inglês Instrumental, sala cheia de calouros e uma certa aflição no ar. Nada diferente, na verdade, do costumeiro “Dia de Prova”.
O professor mantendo um olhar ora atento, ora distraído, acompanha o passar do tempo perambulando por entre as filas de cadeiras. Esta disciplina tem fama, principalmente entre os alunos da área de exatas, de ser apenas mais uma daquelas de encher lingüiça – afinal, para quem anda apavorado com os cálculos, lógicas e outras derivações da álgebra, interpretar textos escritos em inglês nem deveria ser cobrado como nota obrigatória para se promover no curso. Mas vamos lá, afinal, o maior perigo parece ser o tropeço nos falsos cognatos.
Somando-se a isso a noção recorrente de que é da natureza do aluno colar em provas, aqueles quatro da fileira do canto, encostados à parede e próximos da porta, entenderam de subestimar a capacidade de análise do professor. Principalmente a partir do momento em que trocar informações e até mesmo as próprias provas não representou problema algum. O quarteto era formado justamente pelos dois alunos com maior dificuldade de aprendizado da sala – para não dizer burros mesmo – e pelos dois Caxias que à custa de cursos particulares, dominavam o idioma de Shakespeare com tranqüilidade.
Esqueceram porém, neste exercício mutuo de auxilio continuado, de compartilhamento voluntário de informações, de checagem de consistência de dados, de troca sinergética de energia cognitiva ou ainda qualquer outra forma de relativizar o ato de pedir a um colega que responda para si as questões dadas em um teste – ou seja, colar mesmo – de modificar algumas palavras, trocar algumas frases de lugar, usar sinônimos, palavras correlatas. Faltaram os colantes copiarem para suas folhas os mesmos nomes e RAs dos colegas colados.
Resultado final: um