Dados Mágicos. Uma interpretação da canção "Jogo de Dados" de Sérgio Ricardo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a canção “Jogo de Dados”, do compositor e cineasta Sérgio Ricardo, importante representante do que se convencionou chamar de segunda fase da Bossa Nova ou “canção de protesto”. Retiro a musica em questão de um disco que faz parte de uma coleção de 1971 intitulada “Musica Popular Brasileira”, da editora Abril Cultural em parceria com a RCA Discos. Acompanhando o vinil, temos um fascículo com as letras das oito faixas, breve biografia do autor, fotos, algumas notícias relativas a sua obra, entrevistas e alguns curtos comentários sobre as canções que ali se encontram. Reproduzo abaixo o texto referente a “Jogo de Dados”.
“JOGO DE DADOS – Partindo de um mote semelhante aos usados nas emboladas - “cuidado cantor não vale errar o palavreado” -, Sérgio Ricardo constrói êste sinuoso jôgo de dados com as palavras (“cada palavra é um dado/ cada truque traz a troca/ e todo troco vem truncado”), decompondo de maneira ágil e divertida a tradicional descrição escolar de ilha, que enfecha a composição. Especial destaque para o arranjo de Theo de Barros (líder do extinto Quarteto Nôvo, o excelente conjunto que trabalhou com Geraldo Vandré): além do curioso resultado obtido com o emprego simultâneo de acordeão e oboé, há oportunas intervenções de viola. Jogo de dados foi extraído do Lp “Arrebentação” (Equipe 800.002-A), lançado a 21 de maio de 1971, e que assinalou a volta de Sérgio Ricardo ao disco, após um recesso de mais de três anos. Regência de Henrique Nürenberg.”
A explanação é sucinta e – com exceção de algumas informações técnicas, como o autor do arranjo, alguns instrumentos utilizados, o disco ao qual pertence a canção -; não acrescenta muito além do que uma audição minimamente atenta possa captar. Tampouco faz algum comentário acerca do panorama político da época - o que, diga-se de passagem, não é encontrado em nenhum texto do fascículo. Nada mais natural esse silenciamento se