Da substituição de importações a substituição de exportações
André Luiz Reis da Silva: Professor das Faculdades Porto-Alegrenses _ Fapa, pesquisador associado do Núcleo de Estratégia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Nerint-UFRGS e Doutorando em Ciência Política pela mesma universidade.
O Modelo Substitutivo de Importações constituiu um conceito analítico "consagrado" de análise do processo de desenvolvimento brasileiro no século XX, em especial após a Revolução de 1930 e do período pós-Segunda Guerra Mundial. Também foi um modelo perseguido pelos sucessivos governos nesse mesmo período, impulsionado pelo desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Entretanto, seus impasses e vicissitudes não haviam ainda sido inteiramente analisados, bem como sua alteração para um Modelo Substitutivo de Exportações, quando o amadurecimento do desenvolvimentismo brasileiro. Nesse sentido, o livro da professora de Relações Internacionais Heloísa Machado da Silva procura desvendar as articulações entre modelo de desenvolvimento, política externa e comércio exterior, a partir dos conceitos de Substituição de Importações e Substituição de Exportações.
O livro, baseado na tese de doutorado da autora, defendida na UnB, inicia com um prefácio de Amado Cervo, que orientou a pesquisa. Conciso e provocador, o prefácio abre, de forma contundente, o debate-guia do livro (e, portanto, da pesquisa) de Heloísa Machado. Na introdução, a autora desvela as correntes teóricas sobre comércio internacional e desenvolvimento, dos clássicos aos neoclássicos, passando pelos keinesianos e cepalinos. O fio condutor é tentar observar as principais teses que orientam os governos nas consequências e resultados da política de comércio exterior.
No meio desta controvérsia econômica, o objetivo do trabalho é, recuperando a perspectiva histórica, precisamente permitir uma avaliação mais abrangente de temas centrais da política de comércio exterior brasileira neste período,