6o TEXTO Industrializacao Celso Furtado 2015 1
Wilson Suzigan
Instituto de Economia/UNICAMP wsuzigan@eco.unicamp.br Resumo
Este trabalho revisita o pensamento de Furtado quanto ao processo histórico de industrialização de economias subdesenvolvidas, em particular daquelas que iniciaram seu desenvolvimento especializando-se em um ou alguns produtos primários de exportação. Está organizado segundo a própria ordenação das fases históricas do processo de industrialização adotada por Furtado, tendo como pano de fundo o desenvolvimento industrial do Brasil e da América Latina. A primeira seção discute a industrialização induzida pelo crescimento e diversificação da procura global resultantes da expansão das exportações primárias, bem como as limitações intrínsecas a esse tipo de industrialização; a segunda seção trata da crise do setor exportador e conseqüentes "tensões estruturais" que levaram a uma segunda fase de industrialização por substituição de importações; a terceira seção discute o esgotamento da substituição de importações e a ação estatal na passagem a uma terceira fase da industrialização, com a ampliação das bases do sistema industrial, que passa a desempenhar o papel de "elemento propulsor do desenvolvimento", e a última seção apresenta algumas considerações finais, retomando os principais pontos enfatizados por Furtado.
Introdução
O desenvolvimento industrial como caminho para o desenvolvimento econômico e social sempre ocupou lugar de destaque na obra de Furtado, tanto em sua visão histórica da formação econômica do Brasil e da América Latina quanto em sua discussão de temas contemporâneos. Por razões de espaço e de interesse pessoal, este trabalho focaliza apenas o processo histórico de desenvolvimento industrial na visão de Furtado. Para isso, as obras que servirão de referência são três de seus mais influentes livros: Teoria e Política do Desenvolvimento
Econômico, publicado em 1967 e atualmente em sua 10ª edição (2000), considerado pelo próprio