Da escravidão ao trabalho livre
Stanley Elkins, um dos estudiosos citado pela autora, pôde contrastar no seu estudo aquilo que ele via como o cruel e explorador sistema de escravidão nos Estados Unidos com o benigno e paternalista sistema na América Latina. Este autor, impressionado com a agudez do conflito racial nos Estados Unidos e com a aparente ausência de tensão na América Latina, acreditava que esses diferentes padrões raciais poderiam ser explicados pelo diferente funcionamento do sistema escravagista nas duas áreas.
Os autores brasileiros Gilberto Freyre, juntamente com outros escritores, pintaram um retrato da escravidão que refletia a imagem que os proprietários de escravos faziam do sistema. Contemplando os Estados Unidos com uma mistura de fascínio e censura, e não sem um certo orgulho patriótico, esses escritores contentaram-se em opor um róseo quadro da “democracia racial” brasileira ao cenário sombrio do conflito racial americano.
Na opinião de Elkins nos Estados Unidos, a miscigenação e a alforria eram condenadas, a concepção que o homem branco tinha dos escravos e dos homens livres era distorcida pelo racismo e a discriminação era institucionalizada; no Brasil, o preconceito jamais criava antagonismo entre brancos e negros e as poucas práticas discriminatórias estabelecidas pelos códigos tradicionais acabaram por ser abandonadas, permitindo que negros livres ascendessem na escala social, até mesmo às posições superiores. Graças a essas distintas realidades – de acordo com Elkins –, a escravidão nos Estados Unidos somente foi abolida após uma guerra de exterminação, enquanto o sistema brasileiro pôde ser destruído sem comoção social.
Como era de esperar, as idéias de Elkins sobre a América Latina encontraram pouca