Da aventura ultramarina ao capitalismo de Estado
1. A geografia, apesar de não explicar por força própria, teve papel fundamental para o pioneirismo português nas aventuras ultramarinas. Ela indica a causa dos fracassos italianos. “ Um elemento deu unidade, alma e energia ao chamado milagre luso” [que possibilitou a concretização dessas grandes navegações]: o Estado. “A obra do alargamento do mundo europeu não cabia na capacidade dos particulares, na forma do modelo genovês de comércio.” De outro lado, “o conglomerado hispânico, dilacerado em disputas e guerras[...] revelava-se imaturo para organizar [...] um feito, ao mesmo tempo comercial, militar e administrativo.” 2. “Uma falsa observação pode sugerir que Portugal seria uma monarquia agrária, voltada para o comércio marítimo, dedicada à troca de seus excedentes rurais”. Mas, na verdade, “a atividade marítima[...] está não só nas raízes da nacionalidade[...], mas [e como que a linha medular que dá vigor e unidade a toda a sua história. Portugal não conheceu [...] o predomínio da economia agrária. 3. “A concessão de herdades [grandes propriedades de terra] agrícolas [...] não afastava, no futuro, a intervenção do rei.” “Os grandes proprietários de terra não se empenham [nesse contexto] na exploração agrícola. O senhor rural era um cobrador de rendas e foro, convertidos em dinheiro. O sistema se desviava de uma economia natural, ajustando-se a interesses ligados ao comércio.” Na realidades a empresa marítima não encontrou resistências, no reino, de uma facção agrária. A oposição existente na época, receosa da grande expansão marítima era fundamentada não no exclusivismo de Portugal na agricultura, mas no perigo do inimigo próximo [o árabe], que poderia ter maiores chances de dominar novamente a região. 4. “A praia portuguesa consolidou, muito cedo, a posição de vínculo das relações entre o mediterrâneo e o norte da Europa. Lisboa foi o centro e o núcleo de irradiação de comerciantes ingleses,