Análise Liiríca e Histórica do Velho do restelo

Na produção da obra (século XVI) houve a consolidação de uma série de mudanças que já vinham se anunciando com mais intensidade, ao longo do século XV. O mundo passava por uma grande adaptação a novos conceitos políticos, econômicos, sociais e culturais que estão surgindo. A esse longo processo cultural que provocou uma reorganização da sociedade deu-se o nome de Renascimento. O episódio do Velho do Restelo passa-se mais precisamente na partida para a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama, tempo das grandes navegações conhecida também como era dos descobrimentos.

O Humanismo do século XV já havia introduzido mudanças no modo de ver o mundo do homem medieval, como a valorização do homem e as suas ações (antropocentrismo). Pouco a pouco, o seu olhar começa a se desviar das alturas do céu e procura o que está à sua volta, O hedonismo ou seja a busca pelo prazer terreno passa a ser interessante ao homem que até então só se preocupava com o prazer espiritual.

Estudiosos começavam a se interessar cada vez mais pela cultura da Antiguidade, desenvolvida pelos gregos e pelos romanos e que teria passado de modo quase “congelado” durante a Idade Média, através da fuga dos bizantinos após a dominação dos turcos de Constantinopla, onde parte desse processo de dominação era a imposição cultural. Os mouros, islâmicos, são retratados de maneira pejorativa, tendo a covardia e a falsidade como principais características.

A burguesia, camada social que vinha crescendo em importância junto a atividade comercial, provoca mudanças na estrutura econômica. Enriquecida, começa a disputar posição social com os nobres e o clero, que tinham seus direitos garantidos pelo nascimento e por Deus. A valorização do acúmulo de bens materiais acarreta o desenvolvimento do capitalismo mercantil e do individualismo. Além disso, a igreja depreciava o lucro, e a burguesia se vendo oprimida queria que esses valores fossem superados, desejosa de conquistar “ares de