Assista a "Terapia de Risco" e, na saída do cinema, responda: ao seu ver, o psiquiatra conseguiu ou não cuidar de sua paciente?

Ao assistir ao filme, ele se dividiu em dois momentos: o primeiro que brilhantemente fez uma crítica à industria farmacêutica, e o segundo pelo qual tomou um rumo diferente do imaginado, marcado por uma sina em desvendar um mistério. Pois bem, ao ler ao artigo de Contardo Calligares "Tratamentos e Efeitos Colaterais" várias inquietações vieram a tona e minhas problematizações foram ganhando corpo. Senti a necessidade então de recorrer a obra História da Loucura de Michel Foucault, onde em linhas gerais o autor traça as transformações que fizeram com que a figura do louco passasse a ser agora a do doente mental e o momento onde este sujeito tornou-se objeto do saber médico. Aqui, Foucault já nos atenta ao fenômenno pelo qual tudo o que desvia da norma é excluído, não tem utilidade. Em o "Nascimento do Hospital", texto da obra Microfísica do Poder, Foucault vem nos atentar ao processo pelo qual o hospital passa a ser medicalizado, "é a introdução dos mecanismos disciplinares no espaço confuso do hospital vai possibilitar sua medicalização" (p.182). A disciplina é uma técnica de poder marcada pela vigilância constante dos indivíduos. Neste contexto, marcado pelo controle de proliferação de doenças. Disse tudo isto, para situarnos historicamente ao processo de Medicalização da Vida, movimento este explícito no Filme e pontuado por Calligares. Acredito que já está cristalizado entre a sociedade que o uso de medicamentos é o método de tratamento mais eficaz para que se livremos de sofrimento. Sofrimento este muitas vezes construído, Para Renata Guarido (2007):
"A produção do saber sobre o sofrimento psíquico encontra-se associada à produção da indústria farmacêutica de remédios que prometem aliviar os sofrimentos existenciais. O consumo em larga escala dos medicamentos e o crescimento exponencial da indústria farmacêutica tornam-se elementos indissocíaveis do exercício do poder médico apoiado em um saber consolidado ao longo do século XX" (pág. 159). Os grandes